O arrependimento, sempre tardio.
Vasto e sorrateiro, ele surge esguio.
Na tentativa de sentir o perfume
Na prerrogativa de sentir-se o perfume
O que sou eu em tuas mãos?
Temendo o rechaço, não me aproximo.
Tecendo o abraço, só me iludindo.
Não sei o ponto de partida, quão mais o fim de tudo.
Tenho somente em mente
Um frio dormente
Uma sensação
Sentes?
Um lamurio, um martírio
Um trator varrendo meu âmago.
Um relâmpago chamuscando o estômago
A fala que há tempos não soa
O coração agora à mão
Pena não controlá-la.
Uma aliança
Um elo
Um sim entalado
De que vale?
Esperança?
Para quem?
Certamente não para mim.
A certeza de que desejamos precoce o amanhã
O sonho doce causou enjôo, seguido de repulsa.
Os bons momentos agora são nada mais
Senão tormentos.
O tempo revela-nos o espelho
E sem reflexo algum, vejo o que não há a ser visto.
O passado perdido
O futuro preterido
Eu arrependido
E agora?
Agora?
Culpar a ti, não!
Culpar a mim, muito menos!
Culpa dos outros
Que tanto nos falavam
Que tanto nos forçavam
A seguir caminhos paralelos
Para quê?
Egos inflados
Famílias unidas
E de tudo isso? Um fim inesperado
Digo não!
Não quero minha vida junto a tua
Não por ódio, mas
Por amor próprio
Assim, te abandono
Assim, te deixo partir
Não olhe para trás, assim como não o farei...
Siga em frente
Enquanto volto atrás.
Não me prendo mais
Não me importo mais
Quero você longe
Diminuindo no horizonte
Feliz, distante;
Enquanto sigo
Enquanto almejo alcançar
Vagamente
O caminho do altar
Mas desta vez
Para lá ficar.
Um novo início só é possível
Quando um término acontece
E o fim é o que melhor pode
Nos acontecer.
Acredite. Sphere: Related Content