domingo, 16 de agosto de 2009

O Arrependimento

O arrependimento, sempre tardio.

Vasto e sorrateiro, ele surge esguio.

Na tentativa de sentir o perfume

Na prerrogativa de sentir-se o perfume

O que sou eu em tuas mãos?

Temendo o rechaço, não me aproximo.

Tecendo o abraço, só me iludindo.

Não sei o ponto de partida, quão mais o fim de tudo.

Tenho somente em mente

Um frio dormente

Uma sensação

Sentes?

Um lamurio, um martírio

Um trator varrendo meu âmago.

Um relâmpago chamuscando o estômago

A fala que há tempos não soa

O coração agora à mão

Pena não controlá-la.

Uma aliança

Um elo

Um sim entalado

De que vale?

Esperança?

Para quem?

Certamente não para mim.

A certeza de que desejamos precoce o amanhã

O sonho doce causou enjôo, seguido de repulsa.

Os bons momentos agora são nada mais

Senão tormentos.

O tempo revela-nos o espelho

E sem reflexo algum, vejo o que não há a ser visto.

O passado perdido

O futuro preterido

Eu arrependido

E agora?

Agora?

Culpar a ti, não!

Culpar a mim, muito menos!

Culpa dos outros

Que tanto nos falavam

Que tanto nos forçavam

A seguir caminhos paralelos

Para quê?

Egos inflados

Famílias unidas

E de tudo isso? Um fim inesperado

Digo não!

Não quero minha vida junto a tua

Não por ódio, mas

Por amor próprio

Assim, te abandono

Assim, te deixo partir

Não olhe para trás, assim como não o farei...

Siga em frente

Enquanto volto atrás.

Não me prendo mais

Não me importo mais

Quero você longe

Diminuindo no horizonte

Feliz, distante;

Enquanto sigo

Enquanto almejo alcançar

Vagamente

O caminho do altar

Mas desta vez

Para lá ficar.

Um novo início só é possível

Quando um término acontece

E o fim é o que melhor pode

Nos acontecer.

Acredite.

Sphere: Related Content

Player Deep Beep